As Quimeras da Guerra

As Quimeras da Guerra

Ricardo A. S. Santos
Editora PenDragon
440 páginas
Lançado em 2017

Como será a humanidade no ano de 2139? Quais serão os seus hábitos, sua cultura, sua forma de vida? Segundo Ricardo A. S. Santos no livro de ficção científica com salpicadas de terror As Quimeras da Guerra, os humanos tradicionais estarão condenados. A menos que você possua um bom rifle de plasma, sua vida vai se tornar uma fuga de abrigo em abrigo para se proteger dos monstros mutantes que se multiplicaram sem controle. Isso caso você já não tenha se tornado mais um deles, obviamente.

A história trata das consequências de uma guerra nuclear que no ano de 2098 devastou o mundo que nós conhecemos. A radiação se espalhou globalmente e se os contaminados não morrem pela sua ação, na maioria das vezes passam por mutações gritantes que os transformam em seres corpulentos e animalescos. Além de ficarem com uma marcante vontade de saborear carne humana.

Contudo, as explicações dessas contaminações ainda são muito sombrias. Principalmente porque, após 2098, o conceito de nação perdeu muito do seu valor logo que o exército se uniu em escala mundial para se tornar a mais importante instituição a governar a humanidade. Afinal, são eles que constituíram as bases onde os humanos podem viver com algum sossego graças à vigilância contra a invasão de hordas de monstros famintos. Estaria o exército realizando experiências premeditadas para aumentar o seu poder? Estaria criando mutantes mais avançados para manter a população cada vez mais acuada e dependente de uma milagrosa instituição protetora que produz o veneno para depois se vangloriar por criar o próprio antídoto?

Fato é que as feras estão evoluindo prodigiosamente. Essas novas espécies estão com cada vez mais força, agilidade e até a capacidade de regeneração de membros perdidos. E a esperança da população não está no exército e em suas ações duvidosas, mas num pequeno grupo rebelde que, mesmo com escassos recursos, vem atingindo importantes vitórias: são os chamados Dogs, que possuem como principal expoente o sargento ex-líder do pelotão da morte dos Coveiros, Marcus Sedric.

Marcus é um guerreiro que perdeu os pais ainda criança para a luta contra os monstros. Foi então que decidiu se alistar para o treinamento militar a fim de se tornar capaz de cumprir sua vingança pessoal contra essas aberrações. Isso o fez um líder frio, sem piedade. Até psicopata.

Afinal, Marcus não tem muita noção se suas atitudes auxiliam ou atrapalham a população. Mas o rapaz nem se preocupa com isso: ele segue seu próprio senso de justiça, simplesmente obedece aos seus instintos. Seu destino é guerrear e todos os seus sentidos se desenvolvem para isso. Mas as Quimeras da Guerra sabem bem o que fazem. Nada acontece por acaso. Não existem coincidências uma vez que as Quimeras é que oferecem o caminho e os recursos para que seus indicados cumpram uma missão ainda maior.

Num mundo distópico repleto de batalhas, propício ao desenvolvimento de personagens, o primeiro livro de Ricardo A. S. Santos nutre-se do interesse do autor por sagas japonesas como Dragon Ball, Gantz e Berserk para nos transportar ao coração de uma sociedade caótica em que matar se torna essencial para sobreviver.

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Camilo Fontana é um curador de arte em busca do melhor método para tratar as feridas da alma por meio da ressonância dialética.